Água
(de 60 a 85% do peso total da maioria dos tecidos) sendo o solvente adequado para os compostos minerais e bioquímicos (Figura 1-1).
Apesar de não ser uma biomolécula verdadeira
(existe em grande quantidade livre na natureza, independente, até, da existência organismos vivos - existe água na lua e livre no vácuo do espaço), graças à sua polaridade, a água consegue dissolver a maioria das biomoléculas (exceção às gorduras) criando uma capa de solva-tação ao redor delas, induzida por pontes de hidrogênio. Entretanto, a água também participa ativamente em reações bioquímicas (p. ex.: hidrólise, condensação) o que a torna um dos componentes químicos mais importantes para a vida. De fato, o simples achado de água na forma líquida permite a inferência de existência de formas de vida (pelo menos como nós a concebemos) seja no mais árido e quente deserto, nos gélidos e secos pólos da Terra ou nas mais profundas, escuras e ferventes fossas abissais do Pacífico (e, quem sabe, em outros planetas do nosso sistema solar).
Em organismos multicelulares, a água distribui-se em dois ambientes: líquido intracelular
(LIC) e líquido extracelular (LEC) que, por sua vez, compõe-se do líquido intravascular
(plasma sangüíneo) e líquido intersticial nos seres mais complexos, como é o caso do ser humano, objeto central de nosso estudo. O sangue é o mais importante compartimento líquido do organismo e serve de base para o estudo do metabolismo de vários compostos bioquímicos. Freqüentemente, os valores médios da concentração das biomoléculas em um indivíduo, para efeito de estudos metabólicos, baseiam-se na composição plasmática
(a parte líquida do sangue).
O sangue exerce um importante papel no estudo da bioquímica, uma vez que possui funções chaves na manutenção dos processos fisiológicos. É indispensável pelo transporte de nutrientes, metabólitos, produtos de excreção, gases respiratórios, hormônios e de células