O URBANISMO - UTOPIAS E REALIDADES
Françoise Choay
Ed. Perspectiva
O Urbanismo em questão
A sociedade industrial é urbana, entretanto, fracassa na organização das cidades. Aamplitude do problema é testada pela quantidade enorme de literatura a respeito. Este livro não se propõe a trazer uma contribuição suplementar à crítica dos fatos, não se trata de denunciar uma vezmais a monotonia das cidades ou a segregação. Quisemos colocar em evidência os fatos em si, os erros cometidos, a raiz das incertezas e as dúvidas levantadas hoje por qualquer proposta deplanejamento urbano.
O termo urbanismo deve ser antes definido, pois está carregado de ambiguidades.
Designa tanto os trabalhos do gênio civil quanto os planos de cidades ou formas urbanas características decada época. De fato, a palavra é recente. Bardet remonta sua origem em 1910. O dicionário Larousse define-a como sendo “ciência e teoria da localização humana.” No livro, consideraremos urbanismocomo sendo, pelos fins do século XIX, diferenciada das artes urbanas anteriores por seu caráter reflexivo e crítico, e por sua pretensão científica. O Urbanismo tem a pretensão de ser umauniversalidade científica.
Segundo Le Corbusier, reivindica o “ponto de vista verdadeiro”. Entretanto, quais são os paralogismos, juízos de valor, paixões e mitos que revelam ou dissimulam as teorias dosurbanistas e as contrapropostas de suas críticas? Nas páginas seguintes não se encontrará uma história do urbanismo ou das idéias relativas ao planejamento urbano, mas uma tentativa de interpretação.
1.O PRÉ-URBANISMO
A. Gênese: a crítica da cidade industrial
Do ponto de vista quantitativo, no século XIX,a revolução industrial é seguida por um impressionante crescimento demográfico e drenagemdos campos para abastecer as cidades. Primeiramente se acentua na Grã-Bretanha e depois na França e Alemanha.
Uma nova ordem é criada e no sentido de adaptar Paris a esta ordem, Haussmann faz