O ultimo cigarro
“O último cigarro”, pondera esfregando o queixo e passando a mão sobre o rosto, “Nunca se sabe o que acontecer”. Pedro não chega a ser um fumante compulsivo, apenas não gostar de ideia de não ter mais cigarros caso a necessidade surja no futuro próximo, sabendo ainda não ter locais para comprar um outro maço no caminho de caso, não nesse horário.
“Bem”, tirando o maço amassado de um bolso da calça e o isqueiro da outra, “A vida é curta demais”. Leva o cigarro a boca e o acende. Quando devolve o isqueiro ao bolso, nota alguém se aproximando, vindo no sentido oposto de seu caminho. “Uma garota”, pensa enquanto traga, “andando sozinha pela madrugada”.
– Até gosto de chuva – sua voz é ao mesmo tempo rouca e macia – Mas não sempre.
Ela sorri um sorriso um tanto singelo, mas, por alguma desconhecida razão, também perigoso.
– Sim – Pedro responde tirando o cigarro dos lábios – Ainda mais de madrugada, quando sempre acaba esfriando por aqui.
Ela passa as mãos, primeiramente pelo rosto e depois pelos cabelos para retirar o excesso de água, e as sacode um pouco. Depois, segura os braços, se abraçando na tentativa de diminuir um pouco o frio. Então olha diretamente para Pedro, com aqueles grandes e inquietantes olhos negros, dizendo alguma coisa, a qual ele não ouve da primeira vez, por estar ainda perplexo com aquele olhar.
– Desculpe – meio hesitante, com expressão confusa.
– Você tem um – pergunta sorrindo.
– Um o que?
– Um cigarro – rindo da aparente falta de jeito dele.
– Bem – tentando voltar para a realidade, olhando para o cigarro entre seus dedos e depois para a garota – Esse é o meu último.
– Ruim