o ultimo andar
Cinara Glaise Puglia,
Helena Maria de Moraes Silva,
Janaína Pérola D’Arcádia Fonseca Spolidorio,
Maria Ângela Ribeiro Barbosa,
Marlene Aparecida Medeiros,
Renata de Felice Del Monte e
Sílvio Augusto Ferreira
A Poesia de Cecília Meireles
O POEMA
"RIO NA SOMBRA"
Som
Frio.
Rio
Sombrio.
O longo som
do rio
frio.
O frio
bom
do longo rio.
Tão longe,
tão bom,
tão frio
o claro som
do rio
sombrio!
In OU ISTO OU AQUILO
ANÁLISE
No poema "Rio na Sombra" pode-se observar imediatamente após a leitura a presença muito forte da musicalidade. Formado apenas de duas rimas "io" e "om", sons contrários musicalmente, agudo e grave respectivamente, lembra o murmúrio das águas de um rio. Para que tal se aperceba é necessário que se faça a leitura em voz alta.
O poema apela para vários sentidos, usando sinestesia como em "som frio" (audição/tato). No decorrer do poema o "som" é frio, depois é longo e na última estrofe ele é longe, bom, frio e claro ao mesmo tempo.
Percebe-se que embora o poema não possua nenhuma forma verbal expressa pode-se notar a ação de movimento do rio, a passagem de tempo "longo som" e também estados como em "rio sombrio", "rio frio", "rio longo", etc…
Há também no poema ao menos duas percepções de continuidade e eternidade em "O longo som / do rio / frio" e "O frio / bom / do longo rio".
Nota-se também, como em outros poemas da mesma obra, a preocupação com a criança em fase de alfabetização, já que se trata de obra infantil. O poema que começa com um monossílabo no primeiro verso vai aumentando gradativamente, não passando, porém, de tetrassílabo. Quanto às estrofes começa com dois dísticos, dois tercetos e termina com uma sextilha, indicando uma evolução.
Para o primeiro substantivo "som" há apenas um adjetivo "frio", enquanto que na última estrofe o mesmo substantivo possui quatro