o teatro da bolsa e a agenda economica
A atual agenda macroeconômica brasileira é complexa, com crescimento anêmico e inflação elevada. O governo tem adotado medidas polêmicas, sendo aplaudido por economistas heterodoxos e criticado pelos ortodoxos. As consequências dessas medidas serão a chave para entender o comportamento da bolsa nos próximos anos.
Se comparássemos o mercado acionário com o teatro ou o cinema poderíamos dizer que o cenário macroeconômico é o enredo enquanto as ações são os personagens. As recessões são as tragédias ou os dramas e os booms econômicos, as comédias românticas ou as aventuras. Contudo, a bolsa lembra mais o cinema europeu do que Hollywood. Os enredos são mais complexos. Existem personagens alegres nos dramas e deprimidos nas histórias de final feliz.
O Ibovespa tem tido comportamento errático nos últimos três anos, vítima do crescimento modesto da economia e de uma inflação que incomoda. Lembra um drama. Por outro lado, as ações da Ambev (AMBV4) e das Lojas Renner (LREN3) fugiram do script original e valorizaram 141% e 78%, respectivamente, no período. Embora atuando na mesma peça, não representaram personagens tristes como boa parte do elenco do Ibovespa.
Entender as variáveis macroeconômicas — inflação, crescimento do PIB, câmbio — é importante para a escolha das ações, pois elas influenciam o desempenho operacional das companhias. Contudo, esses indicadores agregados não afetam todas do mesmo modo. A inflação medida pelo IPCA não foi a dos custos da siderúrgica CSN (CSNA3) e o crescimento pífio do PIB não impediu que Ambev crescesse a uma média anual de 11,6% no último triênio, por exemplo. Por isso, o desempenho destacado de Ambev e Lojas Renner, apesar do cenário macroeconômico difícil.
O debate atual está concentrado no crescimento fraco da economia e na inflação persistente. O Valor desfila diariamente em suas páginas opiniões de todas as correntes econômicas. Em geral, os liberais criticam a forte interferência