O Sonho Do Rei.
O rei Nabucodonosor, imperador dos caldeus, senhor da Babilônia, conquistador do Líbano, dominador da Fenícia, protector da Judéia, cobria com o seu manto e mando meio mundo. Ou quase...
Os muitos escravos, que trouxera das suas expedições guerreiras, eram a sua ostentação, quando o cortejo real percorria as ruas e alamedas da Babilónia, ladeadas de lanças, ramos de palmeiras e aclamações. Escolhera-os um por um, de entre os mais jovens, nobres e bem apanhados. Vestidos com túnicas debruadas a ouro, pareciam príncipes. Mas eram escravos.
Um deles, proveniente da Judeia, chamava-se Daniel. Os companheiros devotavam-lhe uma grande amizade e respeitavam-no como o melhor de todos, porque ele era o mais inteligente e o mais generoso.
Aconteceu que, numa manhã tempestuosa, o rei acordou em cólera. Tinha tido um sonho esquisito e apavorante, que se desvanecera, à luz do dia. Do que se tratava? Donde viera? Como findara? Do que se tratava? Donde viera? Como findara? O rei tentava a todo o custo recordar-se, mas sem sucesso.
Estava convencido que o sonho lhe trazia um aviso urgente. Mas qual? Por mais esforços que fizesse, o rei não conseguia lembrar-se.
Mandou chamar os sábios do reino e exigiu-lhes:
- Digam-me que sonho sonhei, na noite passada, e o que significa.
Por mais sábio que se seja, ninguém pode adivinhar os sonhos alheios. Foi isto, tal e qual, o que disseram os sábios.
Enfureceu-se o rei:
- Mando cortar-vos a cabeça se até amanhã, ao raiar do sol, não descobrirem a charada do meu sonho.
Os sábios saíram dos aposentos do rei, de cabeça baixa, como se já a oferecessem ao machado do carrasco.
Durante o dia, não se falou de outra coisa no palácio.
Daniel, condoído com os velhos sábios, pediu ao Deus da sua crença que lhe iluminasse o sono com um sonho igual ao do rei.
Na madrugada