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GERAÇÃO DO LAZER OU DO NÃO-SEI-QUE-FAZER?
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Dulce Maria Magalhães
1. INTRODUÇÃO
O texto que se segue é uma tentativa para enquadar o lazer em termos sociais, culturais e económicos; por conseguinte, é importante deixar claro que se trata de um ponto de partida, de uma primeira abordagem a um tema que por si só exigiria uma análise muito mais profunda e exaustiva.
Nortearam e possibilitaram, de alguma forma, esta reflexão uma experiência pedagógica decorrida com uma turma de estudantes do curso de sociologia 2 e uma observação que se pretende tornar sociológica, e que vem tomando forma ao longo de algum tempo, a práticas ditas de lazer, tendo sempre presente senão a evolução cultural, pelo menos o dinamismo inerente à nossa sociedade.
2. DO TRABALHO AO LAZER
A ideia que a nível geral se tem de «lazer» aparece frequentemente no espírito dos indivíduos associada a uma prática laboral, seja ela qual for; desta forma, algum do tempo livre que fica para além do
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Versão ampliada duma conferência proferida a 6 de Maio de 1991, integrada nas «Noites de Sociologia no Porto».
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24 alunos do 3.° ano de Sociologia, da Faculdade de Letras da Universidade do
Porto, presentes numa das aulas da cadeira de «Sociologia da Cultura e da Comunicação» foram convidados a responder a três questões abertas subordinadas à temática do lazer:
1. O que entende por lazer; 2. Como costuma ocupar os seus momentos de lazer; 3. O que mais gostaria de fazer nos seus momentos de lazer. As respostas obtidas viabilizaram uma introdução dinâmica e participativa ao tema.
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A Sociedade perante o lazer
desempenho do trabalho, é vivido enquanto lazer; dizemos algum, uma vez que uma parcela desse tempo libertado do trabalho será preenchida com outro tipo de tarefas ditas «obrigatórias». Recorrendo brevemente à experiência pedagógica referida anteriormente, é de salientar que
88% das respostas obtidas vão neste sentido,