O sistema stanislavisk
O teatro só acontece a partir do momento em que o publico e os atores entram em contato. Ao contrário do cinema, não é um produto transportável, apresentado em condições completamente controladas. Além disso, o teatro é uma interpretação artística do real, jamais tenta reproduzi-lo. Já o cinema possui ferramentas para tentar criar seus personagens da maneira como as pessoas realmente são, buscar o real. Não é a característica exclusiva do cinema, mas é uma possibilidade, e isso o teatro não busca. Isso significa que o ator deve amenizar certas facetas típicas da interpretação teatral.
O método Stanislavski ressalta que a intensa preparação serve para dar ao ator a liberdade de fazer o que precisa para se sair bem no palco: saber usar o corpo e a voz de forma intuitiva e corajosa, desvincular-se do seu ego e ter total controle do tempo. Por mais que Heath Ledger prepare minuciosamente e se entregue aos seus personagens, ele ainda os está interpretando de forma controlada, com cortes, ajustes de câmera, e a possibilidade de regravar um take se ele errar o diálogo. A essência de toda essa mecânica interfere diretamente com a eficácia da aplicação do método de Stanislavski no cinema.
Em termos exclusivos de construção do personagem, acredito que o método mais artístico seja mesmo o desenvolvido por Stanislavski (Grotowski também) para os palcos, mas é necessário conscientizar o ator que não é preciso pensar em projetar-se para um público real, e habituá-lo a técnicas exclusivamente cinematográficas. O teatro já oferece ao ator os instintos de marcação de cena, luz e movimentação. A migração para o cinema não é tão diferente. Ajustes devem ser feitos, mas a base pode sim ser mantida.
Infelizmente não é o que ocorre na prática do cinema contemporâneo. Há atores que pensam em blocos, em quadros, pois tudo é