O signo linguístico, em cena, na linguagem teatral
Afani Carla Baruffi[1]
Introdução
Século XXI, quase dois mil e seiscentos anos depois de os gregos terem criado o que no mundo ocidental chamamos de teatro, muitos são os livros publicados que descrevem possíveis definições sobre essa expressão artística. A noção do que é o teatro - relicário que sobrevive ao tempo, ultrapassa e se funde ao longo das gerações - todos temos. O que acabou não se perpetuando é uma definição rigorosa e universal do que vem a ser a arte teatral. Afinal, uma expressão que se constrói - de forma rasa e também profunda - na natureza e na condição indefinida do ser humano, possivelmente não possa ser definida com total rigor. Resistem os insights, as intuições e percepções que possibilitam criar ideias e impressões que convergem com essa obra de arte do gênero literário que é o teatro. Contudo, o que mais impressiona, ao longo de dois mil e seiscentos anos, não é o conceito indefinido, e sim os aplausos a essa expressão capaz de reunir diferentes públicos para diferentes culturas, épocas e línguas. Essa arte grega, por excelência, carrega em si um universo de signos onde repousam mistérios e onde brotam sentidos, sensações e emoções da humanidade. Conhecendo que o homem, a essência do teatro, é um ser constituído e compreendido por signos que significam e são significados, alcança-se, portanto, a ideia de que a linguagem teatral carrega em si, igualmente, o homem, a linguagem e os signos. Signos capazes de lotar teatros por finalidades sociais distintas – ideológicas, religiosas, histórico-culturais. Explicável, pois, uma obra de arte fortalecida de significados, símbolos e signos é capaz de modificar o olhar do observador, possibilitar diferentes interpretações, criar e recriar plateias. Há uma energia constante, um movimento contínuo entre o artista que vê o ser humano e o transforma em arte, que vê o objeto e o coloca em cena, que vê o homem no mundo e o