Cultura
Elisa Belém
A discussão sobre o termo inglês embodiment apresentada por Fischer-Litche pode contribuir para uma reflexão a respeito das palavras representação, interpretação e atuação. No Brasil, representar e interpretar são palavras usadas algumas vezes como opostas. O termo atuação, por sua vez, é tomado como mais abrangente. Por outro lado, há considerações a respeito da não-atuação. Neste artigo pretendo mostrar, através da noção de embodiment,que a atuação e a não-atuação podem ser analisadas a partir de um modelo de retroalimentação.
O termo embodiment não tem uma tradução exata para o português, aparecendo na literatura teatral como “incorporação” ou “encarnação” - termos que caíram em desuso. A palavra embodiment se refere a tornar algo físico ou corporificar.
Entre nós, uma discussão próxima a aquelas a respeito da noção de embodiment caracteriza o trabalho de um importante grupo teatral, o LUME – Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais. O grupo LUME surgiu em 1985, a partir do trabalho do ator Luís Otávio Burnier que propôs pesquisar a arte de ator. Obtendo apoio institucional da UNICAMP, Burnier iniciou uma pesquisa sobre o treinamento para o ator desenvolvendo práticas com Carlos Roberto Simioni que informa:
Foi nesses dois anos (1985 a 1987) que surgiu toda a linha de pesquisa. Principalmente a ideia do Burnier: estudar a arte do ator no sentido não interpretativo. Ele acreditava que já havia bastantes estudos nesse sentido. Encontrar uma maneira do corpo representar, de representar pelo corpo. Então nós ficamos três anos, apenas eu e o Burnier, e depois entrou o Ric (Ricardo Puccetti). E já nesses primeiros dois anos criou-se o Laboratório Unicamp de Movimento e Expressão – L.U.M.E. (Simioni. In: FOSSALUZA, 1999, p. 109)
O grupo se consolidou ao longo dos anos por uma profunda pesquisa prática em torno da sistematização de treinamentos e também investigando a criação. O LUME estabeleceu