O ser humano sob a perspectiva do logos grego
Fúlvio Barreira Vicente Santos
A antropologia filosófica é uma reflexão crítica e racional que busca entender o ser humano em seus fundamentos e sua ligação como o todo, com o cosmos. Esse tipo de reflexão não é um privilégio da contemporaneidade ou da modernidade, pois os gregos, ainda na antiguidade, formularam discussões sistematizadas acerca do homem e são elas que servem de base para todas as reflexões que permanecem até hoje. São os gregos que inauguram uma nova forma de pensar. Para eles a verdade só pode ser conhecida por meio do logos, a faculdade orientadora que liberta dos preconceitos míticos, dos dogmas, das aparências e possibilita a libertação e controle dos apetites que o ser humano tem em comum com as animais e assim diferenciando-os. Antes que começassem a olhar o mundo nessa nova perspectiva, no período conhecido como arcaico, as explicações para os fenômenos eram baseadas nas crenças enraizadas nas narrações mitológicas e na existência de entidades divinas, os deuses, sob os quais o homem estava em total submissão por acreditar que eles tinham o poder de interferir no destino de acordo a própria vontade; acreditava-se que as forças da natureza estavam ligadas a esses deuses e que dessa forma governavam a vida humana. Mas acontece algo que modifica o rumo das coisas: o homem grego começa a olhar para sua realidade de forma mais profunda, superando as impressões imediatas das coisas, buscando uma explicação clara e palpável. Assim, as explicações míticas dão lugar às explicações racionais. Já com os filósofos da physis ou naturalistas - os primeiros a refletir racionalmente - aparece a preocupação em identificar o papel do homem no cosmos (no mundo), horizonte de contemplação e objeto da filosofia naturalista. Eles concebem o homem como o ser capaz de modificar, trabalhar e organizar o cosmos de acordo a própria necessidade e/ou conveniência, respeitando e se submetendo