O Romantismo
Talvez seja de fato mais adequado falar em pensamento romântico do que em filosofia do romantismo, já que pensadores como Hölderlin, Novalis, Schiller e Schlegel não se consideraram propriamente filósofos no sentido tradicional, embora tenham utilizado o termo “romântico” para descrever este movimento. O romantismo foi assim muito mais uma atitude e um estilo de pensamento do que uma teoria ou uma doutrina filosófica. A preocupação desses poetas e escritores não era tanto com o conhecimento dos primeiros princípios ou a explicação da realidade, não era voltada para a fundamentação de um conhecimento ou a validação de uma ética, não tinha um caráter lógico argumentativo, traços estes, de uma forma ou de outra, característicos do pensamento filosófico que temos examinado aqui desde o seu surgimento com os filósofos pré-socráticos. Sua obra possui uma determinada forma de expressão estética que valoriza as emoções e sentimentos, tendo como ponto de partida a experiência individual de uma relação intuitiva com a realidade, sobretudo com a natureza, que recorre ao mito e à tradição religiosa, inclusive pagã, para formular suas metáforas e imagens poéticas. No entanto, sob muitos aspectos, o movimento romântico surgiu de uma profunda insatisfação com os rumos da filosofia moderna, com a idéia de crítica e de fundamentação teórica do conhecimento e da prática, com a ciência natural na concepção mecanicista como modelo de conhecimento. Sua busca da liberdade, da superação de limites, de verdades eternas, da relação do finito e do infinito possui antecedentes nas filosofias de Plotino, dos neoplatônicos do renascimento como Giordano Bruno, da mística religiosa dos séculos XVI-XVII, de Spinoza. E, por sua vez, influenciará decisivamente filósofos do século XIX que examinaremos em seguida, como Kierkegaard e Nietzsche. Os românticos desenvolveram sobretudo uma estética, não apenas no sentido de uma área tradicional da filosofia, mas sim de uma filosofia