O regime de metas de inflação
Luiza Betina Petroll Rodrigues
Outubro de 2009
Introdução
A discussão do papel da política monetária na promoção do crescimento econômico e da estabilidade tem envolvido economistas desde o nascimento desta ciência. Posições extremas, que negam qualquer papel à política monetária, ou, ao contrário, que a consideram fundamental para o crescimento, convivem com posições intermediárias, sem que a questão tenha sido resolvida. No contexto recente, uma estratégia de política monetária chama a atenção: o regime de metas de inflação, que trouxe à tona (mais uma vez) a discussão sobre o papel da política monetária. Os objetivos deste trabalho são dois. Primeiro, busca-se fazer uma leitura da bibliografia recente sobre o assunto e assim fornecer ao leitor uma introdução ao tema. Em segundo lugar, este trabalho tem o objetivo discutir os pontos de encontro e de conflito entre o regime de metas de inflação e a herança keynesiana, entendida aqui como sendo a obra de Keynes e das escolas que nela se basearam (pós-keynesianos, neokeynesianos, novos keynesianos, etc), que nega o caráter neutro da política monetária. Para cumprir estes objetivos, o trabalho está organizado como se segue. Em primeiro lugar, será apresentada uma visão geral da literatura sobre o regime de metas de inflação (a partir de agora simplesmente “regime de metas”, para facilitar), que permitirá uma leitura mais crítica do texto. Em segundo lugar, serão apresentadas algumas definições de regime de metas, com ênfase no principal ponto de divergência, que é a questão de quanta discricionariedade tem (ou deve ter) a autoridade monetária. Esta divergência é apresentada a partir da discussão que muitos autores fazem ao questionar a afirmação que faz a principal obra sobre regime de metas: “não é uma regra, é um arcabouço”. Percebe-se, já nesta divergência sobre a definição, as diferentes posições das escolas heterodoxas e