O que é o mito
O mito foi a nossa primeira forma de narrativa. Sua função inicial foi explicar a realidade. Como surgiu uma montanha, uma planta, um medicamento, um alimento, uma atividade humana, como surgiram os animais, como surgiu o homem e como tudo isso um dia vai desaparecer (mitos escatológicos).
“Perante o mito, somos todos como Narciso: inebriados pela imensidão e beleza da imagem mítica quando, na verdade, observamos nosso próprio reflexo, nossos eus idealizados em seres e narrativas que nos servem de modelo. Buscamos o equilíbrio perdido”, Hertz Wendel.
Segundo Joseph Campbell, mitólogo americano e consultor dos primeiros filmes da saga Star Wars, em seu livro Mito e Transformação, o mito possui quatro funções básicas:
1) A busca pelo equilíbrio entre natureza e cultura, entre a natureza e o homem. O mito, então, representa o retorno ao estado primordial do homem, à sua ancestralidade, ao momento urobórico (inconsciente) em que homem e natureza eram um só elemento;
2) Outra função é a de servir como modelo. O homem precisa de modelos e criou os seus próprios. Os deuses do Olimpo são um bom exemplo: criados pelo homem, servem de modelos para o homem seguir em sua vida terrena. Neste sentido, todas as religiões criaram ou mitificaram seus profetas, santos, cristos, deuses. O homem criou os deuses para que os deuses o recriassem.
3) O mito existe para manter nosso deslumbramento perante a imensidão do cosmo, da natureza, do oceano, do deserto, da própria alma humana. A ciência, por exemplo, em seus documentários televisionados, é exímia em mostrar que somos “grãos de areia” no universo. O mito, portanto, serve de encantamento, deslumbramento, é sempre entorpecedor da alma humana.
4) A última função é ser um grande psicólogo da humanidade, pois o mito acompanha o homem (o grupo) do começo ao fim, da fundação à escatologia (apocalipse), acompanha o indivíduo do nascimento à morte, preparando para aceitar o fim inerente. Pautada nesse