O que é uma espécie?
Seja o que for que mantém os vastos graus de polimorfismo encontrados numa espécie, a variação em si é mais do que a matéria-prima de uma mudança de adaptação. É o primeiro passo numa hierarquia de diferenças que conduz à formação de um novo tipo de organismo, de uma nova espécie.
Mas o que é uma espécie? Na linguagem comum, a palavra descreve um tipo ou variedade de ser vivo. Para os biólogos, e mais particularmente para os cientistas que estudam a evolução, estabelecer a linha de demarcação entre uma espécie e outra coloca questões de grande monta. Em primeiro lugar, o que define a fronteira de uma espécie e como se forma uma espécie nova?
Os organismos que se distinguem claramente uns dos outros, como um orangotango de um chimpanzé, são facilmente rotulados como espécies diferentes. É como se ambos pertencessem a grupos com fronteiras obviamente demarcadas. O reconhecimento dessas fronteiras parece estar muito divulgado. A tribo Kalem, da Nova Guiné, por exemplo, reconhece e tem nomes especiais para 174 tipos de vertebrados que habitam a floresta, entre répteis, mamíferos e aves. À excepção de quatro, todos esses nomes correspondem a espécies cientificamente definidas e reconhecidas pelos biólogos.
Podemos defender que a espécie é o único agrupamento absolutamente definível e, por conseguinte «natural», na hierarquia do sistema de classificação. E isto porque os organismos que constituem a espécie definem o grupo a que pertencem pelo seu próprio comportamento observável.
«Uma espécie», para citarmos o zoólogo e evolucionista Ernst Mayr, «é um grupo de populações que, real ou potencialmente, acasalam entre si e estão isolados, em termos reprodutivos, de outros grupos semelhantes». Simplificando, isto significa que os membros de uma espécie acasalam uns com os outros (e produzem uma progénie viável) mas não acasalam com membros de outras espécies. Assim, o comportamento reprodutivo dos organismos descreve explicitamente as fronteiras