O que a Geografia deve ser
Piotr Kropotkin
Segundo Kropotkin era fácil prever que o grande renascimento das ciências naturais provocaria um renascimento equivalente na Geografia.
Era natural que o renascimento do interesse pela Geografia dirigisse a atenção do público para a Geografia na escola. Realizaram-se pesquisas e descobriu-se que havia conseguido que esta ciência- mais atrativa e sugestiva- resultasse nas escolas como um dos temas mais áridos e carentes de significado. Nada interessa tanto as crianças como as viagens; e nada mais árido e menos atrativo, em muitas escolas, que aquilo que nelas é batizado como Geografia.
Uma reforma em profundidade no ensino de todas as ciências é tão necessária quanto uma reforma na educação geográfica. Apesar da opinião publica ter permanecido bastante indiferente a respeito de uma reforma geral de nossa educação científica, ela parece, em troca, ter entendido rapidamente a necessidade de reformar o ensino da Geografia. A necessidade de uma reforma na medida em que foram colocados em pauta os chamados interesses “práticos” da colonização e da guerra. Não se pode chegar a nada de sério, desde que não se empreenda uma corelativa, porém muito mais ampla, reforma geral do nosso sistema de educação.
É quase seguro que não existe outra ciência que possa tornar-se tão atrativa para que a criança como a Geografia, e que possa se constituir num poderoso instrumento para o desenvolvimento geral do pensamento, assim como para familiarizar o estudante com o verdadeiro método de investigação científica e para despertar sua afeição pela ciência natural.
A criança busca em todas as partes o homem, a sua luta contra os obstáculos, a sua atividade. Os minerais e as plantas deixam-na fria; ela está atravessando uma etapa em que prevalece a imaginação. Quer dramas humanos, o que significa que a melhor maneira de suscitar-lhe o desejo de estudar a Natureza é pelos relatos de pescadores e caçadores, de navegadores, de enfrentamentos