O Pé de Pitanga
Quando eu era pequena, beirando os 8 anos, costumava ir muito a casa de minha melhor amiga. Passávamos as tardes tomando banhos de chuveirão, brincando de boneca e subindo no seu belo pé de pitanga que havia na frente de sua casa.
Aos olhos de qualquer um que passava, era apenas um pé qualquer. Mas aos nossos olhos era o mais belo e frondoso. Na época certa, os olhos da bela moça que eram verdes, variavam de cor, do vermelho ao roxo. Era lindo de se ver! Seus belos braços grandes, nos envolviam de maneira tão aconchegante que chegava a ser como o colo de mãe. O colo da Mãe Natureza!
Suas raízes vitaminadas, que traziam e levavam água e nutrientes como as veias de um ser vivo... E realmente era um ser vivo, que falava através de seus frutos, de suas folhas e dos outros seres vivos que estavam sempre ali presentes. Formigas, insetos e mosquitos sempre a rodeando, magníficas aves que tinham como alimento seus olhos avermelhados e as pequenas formigas que levavam consigo um pedaço do verde da árvore...
Costumávamos ficar penduradas na bela pitangueira, enquanto Tio Jésus lia seu jornal. Suas mãos segurando o jornal e suas unhas sempre com graxa, enquanto seus olhos bondosos intercalavam entre o jornal e à nos vigiar. Sabíamos que não apenas estava nos olhando, mas também ao pé, porque assim como nós, ele o adorava.
Ah, que saudade desse tempo! Hoje, ainda podemos sentir a presença de Tio Jésus ali, nos olhando e guardando. A pitangueira, tem o poder de me fazer lembrar dessa época tão boa da vida... E mágica! Ao sentarmos nela, sinto como se a paz e a tranquilidade entrasse pelas minhas narinas e preenchesse todo o meu pulmão. E todo o vazio que trago comigo também, ao lembrar de dias bons que nunca voltarão.
Olhar para o céu tão azul e limpo, com suas nuvens de algodão e comer pitangas que tinham gosto de infância. Certamente era a melhor forma de se passar as tardes. Quando o Sol se punha, era a hora de sair dali e dar espaço para outras