O príncipe - maquiavel
● Todos os Estados e todos os governos que exerceram ou exercem certo poder sobre a vida dos homens foram e são repúblicas ou principados. E sua posse se dá, ou com o concurso de armas alheias, ou com recurso às suas próprias; ou graças à fortuna, ou graças aom érito (virtú). ● É muito menos a dificuldade de conservar os Estados hereditários, onde arraigou-se a linhagem de seu Príncipe, que os novos Estados, por quanto para tanto bastará não preterir a ordem ancestral. ● Com efeito, um principado novo apresenta dificuldade, um natural dificuldade, constatne em todos os principados novos, qual seja, a de que, acreditando em melhorias, os homens facilmente substituem o governante. E é ilusória essa crença que os faz pegar em armas contra o senho: mais tarde compreenderão que a situação deteriorou-se. Por mais poderoso que seja o próprio exército, sempre se necessita de ajuda de pessoas locais. ● Aqueles Estados governados por um Príncipe e pelos seus servos têm na pessoa deste a autoridade suprema, porquanto em toda extensão dos seus domínios ninguém mais, além dele, pode ser reconhecido como soberano. ● O homem prudente deverá constantemente segui o itinerário percorrido pelos grandes e imitar aqueles que mostraram-se excepcionais, a fim de que, caso o seu mérito (virtú) ao deles não se iguale, possa ele ao menos recolher deste uma leve fragrância: procederá, assim agindo, como um prudente arqueiro, que, sabedor da distância que a virtú de seu arco permirtir atingir. ● Ao príncipe pressupõe que este possua méritos (virtú) ou muita sorte (fortuna), fica a impressão de que uma ou outra dessas duas condições podem, em parte, atenuar muitas das dificuldades. ● Aqueles que, mercê simplesmente da fortuna, passam de simples cidadãos à condição de príncipes, é com pouca dificuldade que a alcançam mas com muita que a mantêm: não enfrentam obstáculos ao longo da estrada, visto que voam; porém, todas as