O Príncipe de Maquiavel
Devido à nova realidade da política na Itália, o pensamento político de Maquiavel se afasta do pensamento especulativo, metafísico e religioso, tornando-se autônomo. Trata-se da política pela política. Portanto, ele defende a moral laica.
Maquiavel, além de apresentar a divisão entre “ser” (como as coisas efetivamente são) e “deve ser” (as coisas como deveriam ser para se conformarem aos valores morais), elevava tal visão a princípio condutor de seu projeto político. Sustenta que é necessário se dedicar à verdade efetiva das coisas, sem se perder na busca de como as coisas deveriam ser.
Com isso, elabora através da obra O Príncipe um manual de como governar. Chega a dizer, inclusive, que o governante pode aplicar métodos cruéis e desumanos (remédios extremos para males extremos): (...) “Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender a não usar [apenas] a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.”
Segundo Maquiavel, em si mesmo, o homem não é nem bom, nem mau, mas, de fato, tende a ser mau. Desta forma, o político deve agir em consequência e conformidade. O ideal para um príncipe seria o de ser ao mesmo tempo amado e temido. Como tais situações são difíceis de serem conciliadas, o mesmo deve fazer a escolha para que seu governo seja mais eficaz. Trouxe como novo no campo da soberania a ideia de que o soberano não é uma pessoa, mas sim o poder político independentemente da esfera religiosa e econômica.
A virtude política, em Maquiavel, difere da virtude cristã. Ela passa a ser apresentada como a habilidade e a capacidade política de prever e planejar a ação em vista dos fins estabelecidos, sendo a expressão de força e resistência na busca da meta pretendida. Portanto, conclui-se que é a condição necessária para a manutenção do poder.
Para Maquiavel, a conquista do poder poderá acontecer de quatro formas: em primeiro lugar, pela virtú (coragem, valor, capacidade,