O processo de alta em Psicanálise
O término do processo psicanalítico é um período que merece bastante atenção, até mesmo porque envolve não só os sentimentos e as emoções do paciente, mas também do psicoterapeuta. É comum que se observe ao longo da análise mudanças não observadas somente pelo terapeuta, mas também pelo próprio paciente, a partir daí começa-se a pensar em como será feito o processo de término.
De acordo com Etchegoyen (2004), os indicadores do término da análise aparecem de forma gradual e espontânea, até que se tornem suficientemente claros, observando-se alguns aspectos, por exemplo, a forma de comunicação do paciente, o alívio dos sintomas, o comportamento do paciente com o parceiro, com a família e com a sociedade, o manejo da angústia e da culpa, etc. A forma como acontecerá esse desfecho do processo irá depender de algumas variáveis, inclusive o estilo do terapeuta, questões do próprio paciente, além do contexto em que o paciente está inserido, dentre outras coisas.
Pode-se pensar em dois modelos para o término da análise, alguns autores correlacionam esse momento com o nascimento, indicando que a partir desse momento o paciente sente que nasceu para uma nova vida, momento em que se mesclam sentimentos de pesar pela perda da terapia com felicidade e esperança. Para alguns autores ainda a situação do nascimento acompanha os indivíduos ao longo da vida e há nele um conflito entre o desejo de liberdade obtido com o nascimento e a culpa por ter nascido contra a proibição materna, esse conflito é então correlacionado ao término da análise (ETCHEGOYEN, 2004).
Para outros autores, inclusive Melanie Klein, o término do processo psicanalítico se relaciona ao desmame, pois terminar a análise é desmamar-se do “analista-seio”, ou seja, uma repetição da experiência fundadora e fundamental (ETCHEGOYEN, 2004). A característica comum a essas duas teorias é que ambas apontam para o fato de que o término do processo psicanalítico é um ocasião, ao mesmo tempo, de luto