O principe
Se utilizando de sua experiência de homem de Estado, Maquiavel, após ser liberto do encarceramento que lhe sobreveio por intrigas políticas, resolve compilar todo o seu conhecimento sobre o assunto nesta pequena mas valiosíssima obra, a qual tem sido lida por chefes de Estado e homens de poder de todos os tempos desde então.
Ele se refere ao fato de muitos já terem imaginado Estados que nunca existiram, fazendo uma referência a pensadores como Platão, por exemplo, e mostra que seu pensamento tem outro ponto de partida: a experiência concreta, o mundo da forma como ele é, da forma como ele existe aqui e agora.
Um dos principais temas apresentados por Maquiavel n' "O príncipe" é a separação entre Ética e Política. Daí talvez a razão do termo "maquiavélico" ter atingido hoje a presente conotação entre os não-especialistas.
Maquiavel não seu preocupa com o ser "bom", mas com o "parecer bom" e com aquilo que "funciona". De fato, quando investigando sobre se o príncipe deve cumprir seus compromissos e honrar suas palavras, ele afirma que
...um príncipe sagaz não deve cumprir seus compromissos, quando isso não estiver de acordo com seus interesses e quando as causas que o levaram a comprometer sua palavra não existam mais. (MAQUIAVEL, p. 173)
E ainda: "...é necessário que um príncipe saiba muito bem disfarçar sua índole e ser um grande hipócrita e dissimulador..." (p. 174), pois "...os seres humanos, de uma maneira geral, julgam mais pelo que vêem e ouvem do que pelo que sentem.