O primo basílio: adultério
Aline Cândida
O romance é um recurso utilizado por Eça de Queirós para narrar de forma notável uma história sobre adultério, numa classe média lisbonense, utilizando a ferramenta realística dos detalhes minuciosos que consegue fazer com que personagens planas possam ser nitidamente identificadas dentro deste contexto socioeconômico. Ele dá maior valor ao enredo que é o adultério.
Ele constrói personagens de fora para dentro, ou seja, cada personagem é conhecida por suas falas e comportamento e por suas opiniões.
Em cada capítulo há sempre cenas e falas que caracterizam a época com uma perfeição que comprova o perfeccionismo do autor. O autor onisciente, trabalha em um discurso indireto sem pronunciar julgamentos. Temos em cada personagem a crítica viva de tudo que há na sociedade burguesa e até na sociedade descrita dos empregados. Há diálogos fúteis e medíocres que nos arrastam pela novidade em mostrar a realidade limpa, sem máscaras, expondo desde a rejeição ao romantismo aos assuntos como adultério, característica também do Realismo. A superficialidade dos personagens e o tema adultério foram peças fundamentais para incitar ao público da época que já andava enfadado pela subjetividade do Romantismo. A era do objetivismo e comprovações científicas está evidente no Primo Basílio, através de Jorge, marido de Luisa, que era a favor da ciência.
Centrando-nos no enredo, temos um romance entre Luisa e o Primo Basílio em Portugal, que acaba quando os pais de Basílio perdem tudo e ele é forçado a ir para o Brasil, de lá escreve uma carta terminando tudo com Luísa. Ela fica triste, mas nada a impede de pouco depois se casar com Jorge. Este, é o protótipo do esposo perfeito, ou seja, sempre ausente, deixa a esposa em casa por vários períodos de tempo, viajando a trabalho, que mais tarde, é revelado ser também para seus adultérios.
Basílio sente vontade de ir ver a prima e ao visitá-la, fica feliz pela