Inúmeros povos indígenas habitavam a costa atlântica ao longo de milênios... Assim inicia-se a narrativa de Darcy Ribeiro, que nos mostra em seu primeiro capítulo do livro “ O povo brasileiro”, como a visão que temos dos povos originários têm sido influenciada pela visão européia, que é a mesma visão que é transmitida nos livros que são adotados pelas escolas de nosso país, e como essa visão desvaloriza toda a construção de nossa cultura. Para desconstruir essa visão etnocêntrica, ele faz sua narrativa mostrando como a introdução de um novo protagonista ao Brasil, que já era povoado por inúmeros povos indígenas trouxe a destruição a eles e a essa terra, seja na disputa pelo território, saqueando sua mata e causando inúmeras perdas ecológicas, seja no social quando escraviza o dono da terra, ou seja no biótico, trazendo consigo várias doenças infecto-contagiosas, que debilitaram vários deles até a morte. Darcy destaca que seu principal objetivo nesse livro é entender como acontece então, com o surgimento do europeu, que traz consigo os negros trazidos da África e ambos estabelecendo relações com os povos indígenas que são originários dessas terras, o nascimento de uma nova etnia: A etnia do povo brasileiro. Para entender com totalidade e reconstituir o nascimento dessa nova etnia seria preciso que houvesse mais do que o depoimento do invasor, que também houvessem sido documentados relatos e registros dos povos indígenas e do povo negro que vivenciou esse processo quando escravizado e trazido para o nosso país, o que o autor lamenta não haver. Apesar dessa carência de registros, ele faz um processo de avaliação crítica da documentação escrita pelo dominador para tentar compreender a nossa história. Ele começa então por destacar como eram as formas de subsistência dos povos tupis, que traçavam um caminho próprio em direção a revolução agrícola, que lhes assegurava grande variedade de alimentos apesar de serem povos pré- agrícolas. Como haviam épocas de