O portugues
Perguntava-me um amigo estrangeiro onde estava o nosso nacionalismo e patriotismo? Após alguns instantes de consideração respondi-lhe que não precisamos disso. Ele estranhou, ao passo que lhe expliquei que ser português é muito mais que pertencer a uma comunidade delimitada, é uma maneira de ser. Não queria dizer com isto que não somos patriotas nem nacionalistas, só que isso está de tal forma enraizado e a um nível tão profundo que não temos necessidade de o manifestar. Ao contrário dos outros países, é uma dádiva e não uma conquista e é algo totalmente e plenamente garantido.
Somos a única nação-estado da Europa. Ele não compreendeu o que significava isso. Quer dizer que a nação é inteiramente compatível com o Estado, não temos divisões que nos demarquem nem separem. Portugal é o país e as ilhas e mais nada. Estamos todos perto uns dos outros no mesmo território terrestre e marítimo. Basta passarmos a fronteira para vermos uma nação com várias regiões (Catalunha, País Basco, Galiza, etc.) que, embora no mesmo território, têm mais coisas a separá-los que a uni-los. Há muitas Espanhas dentro de Espanha e fora também. A Alemanha e o Reino Unido estão divididos por estados que não se podem ver uns aos outros, uma manta de retalhos em que os canídeos de cada região se mordem com avidez e lançam latidos ameaçadores, a Itália é outro exemplo de uma nação dividida por regiões e povos muito diferentes uns dos outros. A França idem, idem, a Suíça, Holanda, Bélgica, etc. etc.
Isso não se passa em Portugal. Portugal é sempre o mesmo, de cima a baixo e nas ilhas.
Temos outra coisa singular em toda a Europa, uma língua única, de Norte a Sul, à excepção de 300 amigos em Mirandela, que ainda utilizam os resquícios deixados pelo antigo reino Leonês. Mais nenhum outro país beneficia disso. As pretensas diferenças entre o Norte e o Sul, que o futebol preconiza, não existem. Somos um país uno.
O meu amigo estranhou.