o peso do passado
O autor traz uma abordagem dos três séculos de colonização, os portugueses tinham construído um enorme país dotado de unidade territorial, lingüística, cultural e religiosa. Mas tinham também deixado uma população analfabeta, uma sociedade escravocrata, uma economia monocultora e latifundiária, um Estado absolutista. O efeito imediato da conquista que teve conotação comercial foi a dominação e o extermínio, pela guerra, pela escravização e pela doença, de milhões de indígenas. Por isso, à época da independência, não havia cidadãos brasileiros, nem pátria brasileira. Havia sim, na economia e sociedade brasileiras, a forte marca do latifúndio monocultura e exportador de base escravista. Segundo o autor , a escravidão foi o fator mais negativo para a cidadania. Na época da Independência, o Estado, os funcionários públicos, as ordens religiosas, os padres, todos eram proprietários de escravos. Era tão grande a força da escravidão que os próprios libertos, uma vez livres, adquiriam escravos. A sociedade colonial era escravista de alto a baixo.
A escravidão e grande propriedade não constituíam ambiente favorável à formação de futuros cidadãos. Para o autor, tanto os escravos como os senhores não eram cidadãos. Aqueles porque não possuíam os direitos civis básicos e estes porque, embora fossem livres, votavam e eram votados homens bons, faltava-lhes, no entanto, o próprio sentido da cidadania, a noção da igualdade de todos perante a lei. As funções públicas eram em parte absorvidas pelos senhores sobretudo as funções judiciárias e pelo clero católico registros de nascimentos, casamentos e óbitos. A conseqüência de tudo isso era que não existia de verdade um poder que pudesse ser chamado de público, isto é, que pudesse ser a garantia da igualdade de todos perante a lei, que pudesse ser a garantia dos direitos civis. Por isso em 1872, meio século após a independência, apenas 16% da população era alfabetizada. Segundo o autor, não era do interesse da