O PENSAMENTO DE GALILEU E SUAS RELAÇÕES COM A ANTIGUIDADE E A RENASCENÇA
[MONDOLFO, Rodolfo. Figuras e Ideias da Filosofia da Renascença. São Paulo, Ed. Mestre Jou. 1967.]
A vinculação das “observações maravilhosas” às “claras demonstrações” foi o pilar do método científico experimental galileano. Como exemplo, em seus estudos astronômicos, a observação dos astros não tinha sua importância essencial em si, mas na possibilidade de provar e documentar a unidade e igualdade entre a natureza celeste e a terrestre, antes colocadas como contrárias. Há a ligação entre a observação astronômica e as pesquisas teóricas, unindo todo o exame empírico dos fatos à compreensão racional dos mesmos.
Diferentemente de Descartes, que em sua dedução da natureza não vê a necessidade de uma hipótese-causa em seu método, mas de uma averiguação post eventum, Galileu procura no fato observado a vinculação entre causa e efeito: “É causa aquela que, estabelecida, sempre produz o efeito; suprimida, suprime-o.”1
Diferentemente também de Bacon, que visava unicamente a comprovação dos fatos, sem a dedução racional das provas, Galileu pautava seu método científico na observação cuidadosa (experiência sensata – entendimento extensivo) e na dedução (demonstração necessária – entendimento intensivo), problematizando o meio de como entender a continuidade entre observação e dedução. Daí vem a hipótese técnica como forma de investigação e prova.
Há, portanto, no cerne do método galileano, a sequência hipótese dedutiva > dedução teórica > demonstração lógica, sendo a experimentação realizada em função da demonstração lógica, “como realização concreta e prática da dedução teórica, que ao inspirá-la e dirigi-la a transforma de simples realidade de fato em prova de uma necessidade natural.”2
Leonardo, o maior precursor de Galileu, entendia que o caminho do conhecimento humano seria inverso ao caminho da natureza, uma vez que a natureza produz a realidade e o homem apenas a apreende, utilizando a