O parasito discreto
Durante décadas o protozoário Trypanosoma cruzi vem sendo estudado por diversos profissionais em todo o mundo. Os estudos realizados chegam a conclusão de que o protozoário coloca os mecanismos de reparo celular para funcionar ao seu favor, explicando, dessa forma, a afinidade do parasita pelas células musculares. Dois pesquisadores brasileiros, Bechara Kachar e Leonardo Rodrigues de Andrade, auxiliam pesquisadores norte-americanos a monitorar a invasão e ocupação celular pelo T. Cruzi. A partir desse experimento observaram que o parasita, devido à sua intensa movimentação, lesiona a membrana externa da célula, formando um pequeno buraco. Por meio desse buraco entram íons de cálcio, estes ativam a fusão de lisossomos com a membrana externa da célula ao redor do minúsculo buraco. Ao se fundirem com a membrana, os lisossomos liberam uma enzima chamada esfingomielinase, que induz à formação de ceramida. A ceramida, por sua vez, remove a região lesionada e concerta a membrana da célula, facilitando, assim, a entrada do parasita. O T. cruzi tem afinidade pelas células musculares pois estão mais sujeitas à lesões e, dessa forma, acionam com maior frequência os mecanismos de reparo da membrana externa, a ceramida, que é benéfica ao protozoário. Segundo Mortara, a intensa movimentação atrai outros parasitas para célula, porém, o T. cruzi libera toxinas que lhe permitem escapar. Começa então, a se multiplicar intensamente até o rompimento da célula. Cada microrganismo sobrevive através de formas próprias de fazer com que as células trabalhem a seu favor. A doença de Chagas pode ser contraída por conta da falta de higiene e de atenção, por meio do consumo de açaí ou caldo de cana contaminados ou, raramente, por transfusão de sangue e por transplante de órgãos. Essa doença é difícil de ser detectada, mais de 40% de pessoas portadoras de T. cruzi não apresentam sintomas. Apenas em 45% dos infectados o coração se