O Paradigma O texto “O paradigma”, escrito por John Naughton, publicado no jornal The Guardian e reproduzido pelo Jornal Folha de São Paulo em 2012, fala sobre o livro de Thomas Kuhn, Estrutura das Revoluções Cientificas, um dos livros mais influentes do século 20. A sacada de Kuhn surgiu da compreensão de que, se alguém deseja entender a ciência aristotélica, precisa conhecer a tradição intelectual na qual Aristóteles trabalhava. Para ele, o termo “movimento” queria dizer mudança em geral, não só mudança de posição de um corpo. Essa percepção é o propulsor do livro de Kuhn, que possui apenas 172 páginas, um dos motivos de ter feito tanto sucesso, pois é breve e legível. A proposição central é que um estudo cuidadoso da história da ciência revela que o desenvolvimento, em qualquer campo cientifico, acontece em fases. A primeira é a “ciência normal”. Nessa fase uma comunidade de pesquisadores que compartilham um “paradigma” se envolve na solução de enigmas gerados por discrepâncias (anomalias). Em geral, as anomalias são resolvidas por alteração graduais de paradigma ou pela constatação de erros de observação ou nos experimentos. Entretanto, em períodos mais longos as anomalias não resolvidas se acumulam a situação forçam os cientistas a questionar o paradigma. Quando isso acontece, a disciplina entra em crise. A crise é resolvida por uma mudança revolucionária de visão do mundo, na qual o paradigma deficiente é substituído por um novo. Depois que a mudança de paradigma acontece o campo cientifico retorna à ciência normal, mas com nova estrutura. E o ciclo recomeça. O que mais incomodou os filósofos foi o argumento segundo o qual paradigmas concorrentes são “incomensuráveis”, ou seja, não há modo objetivo de avaliar seus méritos. A grande idéia de Kuhn, a de um “paradigma” como estrutura intelectual que torna a pesquisa possível ganhou vida