O papel do brasil no brics: reportagens, entrevistas e análise
Artigo do Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Celso Amorim, intitulado, "Os BRICs e a Reorganização do Mundo", publicado no jornal Folha de São Paulo - Brasília-DF , 08/06/2008
Chegou a hora de começar a reorganizar o mundo na direção que a esmagadora maioria da humanidade espera e precisa.
OS BRICS estão na moda. A sigla, criada por analistas financeiros, estava associada sobretudo ao impacto que o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China tem -e terá cada vez mais- na economia global. Com quase metade da população mundial, 20% da superfície terrestre, recursos naturais abundantes e economias diversificadas em ritmo sustentado de crescimento, era natural que fossem considerados grupo de indiscutível peso econômico, equivalente hoje a 15% do PIB mundial.
Diante da desaceleração da economia norte-americana e das incertezas que se afiguram à evolução do comércio e das finanças internacionais, os Brics têm contribuído para manter nos trilhos a economia mundial. É caso exemplar da capacidade de países "não ricos" de mitigar possíveis efeitos de uma crise que se origina principalmente no mundo desenvolvido.
Agora, os quatro países decidiram ampliar a agenda de atuação conjunta. Buscam se fortalecer politicamente como um bloco que ajude a equilibrar e democratizar a ordem internacional deste início de século.
A convite do chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, participei em Ecaterimburgo, em 16 de maio, da primeira reunião ministerial dos Brics, com meus colegas Pranab Mukherjee e Yang Jiechi. O encontro diz mais sobre a multipolaridade do que quaisquer palavras.
Os Brics são um exemplo de como países com culturas diversas podem se unir em torno de projetos comuns em favor da paz, do multilateralismo e do respeito ao direito internacional.
A convergência que soubermos cultivar, sem prejuízo da pluralidade de pontos de vista, deverá reforçar a ação dos quatro em