O papel das negociações comerciais
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O papel das negociações comerciais na agenda econômica do futuro governo Sandra Polônia Rios* Logo após tomar posse, o próximo governo do Brasil deverá enfrentar o desafio de redefinir as estratégias brasileiras na complexa e abrangente agenda de negociações comerciais em que o País está envolvido. Embora este tema venha ganhando crescente espaço na imprensa brasileira e na campanha eleitoral, a superficialidade e a escassez de informações têm caracterizado o debate público e conduzido a manifestações simplistas sobre os caminhos a seguir. É imperativo aprofundar o debate para que a sociedade brasileira esteja informada quanto aos impactos que as diferentes alternativas terão sobre o desempenho das contas externas do País. Neste campo, o Brasil não pode correr o risco de cair no imobilismo nem de tomar atitudes baseadas em bravatas pouco fundamentadas. Os processos de negociação em curso são muito heterogêneos quanto a objetivos, parceiros e poder relativo do País. Nos próximos três anos estaremos enfrentando fases decisivas na nova rodada de negociações multilaterais no âmbito da OMC, lançada em Doha, em novembro de 2001, e em duas complexas negociações com nossos principais parceiros de comércio e de investimentos - a União Européia e os Estados Unidos. Deveremos também definir os rumos do Mercosul - um projeto cujos objetivos originais envolviam formas mais profundas de integração e cessão parcial de soberania econômica por parte dos Estados-membros.. Além disso, estão em andamento negociações do Mercosul com a Comunidade Andina, o México e a África do Sul. Há, ainda, um vasto conjunto de possibilidades de entendimentos com países com potencial de crescimento de comércio. Esta agenda insere-se em um cenário internacional onde proliferam acordos regionais de comércio - mais de 200 já foram notificados ao GATT e à OMC. Atualmente, estão em vigência cerca de 150 acordos regionais - a maioria dos quais concluída nos últimos 10 anos. Desde 1995, cerca de 100 acordos