O papel da escola na inclusão social do deficiente mental1
Rita Vieira de Figueiredo Boneti2
A inclusão social das pessoas portadoras de deficiência intelectual se constitui uma questão pertinente que se impõe ao conjunto da sociedade. Esta inclusão social se promoverá pela criação das condições que favoreçam ao máximo a autonomia dessas pessoas na comunidade. Numa sociedade marcada por enormes desigualdades sócioeconômicas e culturais como a nossa, a escola desempenha um papel fundamental na promoção dessas condições. Sua importância consiste tanto no que se refere a formação dessas pessoas, através da apropriação do saber, quanto na criação de um espaço real de ação e interação que favoreça o fortalecimento e o enriquecimento da identidade sóciocultural. Segundo Weschenfelder (1996:16), "A identidade sócio-cultural é construída ao longo de um processo de interação da criança com os diferentes grupos de que participafamiliar, vizinhança, escola- onde vai tecendo uma rede marcada pela multiplicidade de significados simbólicos". Na escola, as diferenças vivenciadas por cada criança vêm à tona e podem ser confirmadas e valorizadas ou ao contrário rejeitadas e silenciadas. Weschenfelder prossegue sua análise afirmando que a visão do mundo infantil se constrói com base no diálogo entre a criança e os grupos sociais com os quais interage, estando a família na sua referência de base. Conforme Weschenfelder "a cultura escolar exclui e desvaloriza a cultura viva da qual participa a criança em seu processo de socialização, transformando o que seria um diálogo entre diferentes culturas, num monólogo onde a voz da criança não é ouvida"(p.16). A escola, entretanto, poderia se constituir em espaço privilegiado que permitisse a criança revelar e afirmar, através de trocas efetivas e significativas, tanto a sua identidade individual quanto aquela do grupo ao qual pertence. Deste modo, estaria contribuindo através da criação de um espaço real de ação e interação, com a