O novo modelo da cascata de coagulação baseado nas superfícies celulares e suas implicações
Cláudia Natália FerreiraI; Marinez de Oliveira SousaII; Luci Maria Sant'Ana DusseII; Maria das Graças CarvalhoII
IFundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais, Maternidade Odete Valadares, e Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, Laboratório Distrital do PAM Padre Eustáquio - Belo Horizonte (MG), Brasil
IIDepartamento de Análises Clínicas e Toxicológicas, Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG - Belo Horizonte (MG), Brasil
Correspondência
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RESUMO
O conceito da cascata da coagulação descreve as interações bioquímicas dos fatores da coagulação, entretanto, tem falhado como um modelo do processo hemostático in vivo. A hemostasia requer a formação de um tampão de plaquetas e fibrina no local da lesão vascular, bem como a permanência de substâncias procoagulantes ativadas nesse processo no sítio da lesão. O controle da coagulação sanguínea é realizado por meio de reações procoagulantes em superfícies celulares específicas e localizadas, evitando a propagação da coagulação no sistema vascular. Uma análise crítica do papel das células no processo hemostático permite a construção de um modelo da coagulação que melhor explica hemorragias e tromboses in vivo. O modelo da coagulação baseado em superfícies celulares substitui a tradicional hipótese da "cascata" e propõe a ativação do processo de coagulação sobre diferentes superfícies celulares em quatro fases que se sobrepõem: iniciação, amplificação, propagação e finalização. O modelo baseado em superfícies celulares permite um maior entendimento de como a hemostasia funciona in vivo e esclarece o mecanismo fisiopatológico de certos distúrbios da coagulação.
Descritores: Coagulação sanguínea; Fatores de coagulação sanguínea; Transtornos da coagulação sanguínea/fisiopatologia;