O neoliberalismo e o desenvolvimento sustentável
A CONSTRUÇÃO DO “DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL” SOB A ÉGIDE DO NEOLIBERALISMO: UM ESTUDO SOBRE A ECONOMIA POLÍTICA DA “CRISE AMBIENTAL” Leandro Dias de Oliveira1 Endereço Eletrônico: diasgeo@ig.com.br A concepção de Desenvolvimento Sustentável apresenta-se atualmente, em caráter urgente e multi-escalar, como o caminho seguro na construção de uma sociedade mais justa e equável e para a redenção dos inúmeros males da humanidade. Seu cerne é representar uma inquestionável proposta de resolução da “Crise Ambiental”, um potente estigma deste novo século que parece ambicionar – antes mesmo de qualquer questionamento – uma breve solução. Esta crise ambiental, intimamente vinculada à expropriação inadequada dos recursos advindos da natureza e pautada na consolidação de ideal de dominação e superioridade da espécie humana, foi debatida em grandes conclaves internacionais, destacadamente em Estocolmo (1972) e Rio de Janeiro (1992). Nesta última grande conferência foi proclamada a concepção de Desenvolvimento Sustentável, que se mostra enigmática (“apócrifa”, “apátrida”, “atemporal”) e frágil, mas vem cooptando inúmeros entusiastas. Sua definição alude à satisfação das necessidades presentes e futuras da humanidade, em um claro paradoxo às contradições do sistema capitalista mundial. A simples condição de esta idéia mostrar-se unânime e irrefutável transformouse na motivação para que estudássemos sua gênese, seus pressupostos e significados. Apontamos, neste trabalho, que a trajetória da construção deste ideário que objetiva ser consensual, na busca da aproximação entre desenvolvimento e meio ambiente, só atingiu seu intento quando o debate de uma melhor utilização da natureza inseriu-se na ordem do neoliberalismo econômico. Esta afirmativa ganha maior vigor quando analisamos o contexto político-econômico mundial no período da Segunda Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO – 92, no Rio de Janeiro), que envolveu o incrível número recorde de