O narcotráfico é uma criação relativamente recente da sociedade contemporânea, há cem anos atrás não havia restrição quanto ao uso de drogas portanto não se faziam necessárias organizações clandestinas para movimentá-las. A medida que alguns Estados juntamente de profissionais da saúde começaram a levantar a discussão sobre o perigo que as drogas principalmente as psicoativas representavam para a sociedade, foi tomando forma uma política mundial de controle de narcóticos e portanto todo um mercado clandestino voltado a sua movimentação. Pode-se relacionar a esse começo do proibicionismo as drogas também a manutenção do poder do médico dentro da hierarquia da área da saúde. O uso recreacional a partir de 1912 (Conferência de Haia) começou a ser proibido, sendo substituído pelo uso medicinal através da prescrição de autoridades médicas. O pressuposto para o começo dessa proibição seria um dito problema de saúde pública causado pelo uso das substâncias e que só poderia ser contido através de um severo controle das mesmas. Esse desdém ao uso de certas drogas específicas foi potencializado pela vinculação prévia que se fazia ao uso de algumas delas e certos grupos de imigrantes e/ou minorias étnicas. "Nos EUA, esse vínculo, de corte xenófobo e racista, aconteceu com a maconha, identificada com hispânicos, o ópio com chineses, a cocaína com negros, o álcool com irlandeses e italianos; no Brasil, a heroína, por exemplo, tornou-se um problema de saúde pública quando, nos anos 1910, passou a ser tida como droga de cafetões e prostitutas, enquanto a maconha, vista como substância de negros capoeiras, era associada a um problema de ordem pública já no século XIX (RODRIGUES, 2004; PASSETTI, 1991)." O conjunto formado por medos sociais, moralismo, xenofobia e racismo - fortalecido pelas discussões feitas pelos profissionais da saúde - catalisou clamores pela criminalização da produção e consumo de drogas. Nos EUA, temos o caso da lei seca, que tornava ilegal a produção e