Semin rio narcotr fico

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Há cem anos não havia narcotráfico. A maioria das drogas psicoativas que hoje são negociadas por traficantes e consumidas à margem da lei sequer era regulamentada, quanto mais proibida, o que significa que não havia ainda a definição da “questão das drogas” como um problema.
A Conferência de Haia, de 1912, marco desse processo, produziu o primeiro tratado internacional nesse campo, que, no entanto, ainda não proibia a produção, venda e consumo de qualquer substância – tampouco obrigava seus signatários afazê-lo, mas estabelecia uma inaugural intervenção sobre questões, até então, desregulamentadas.
A recriminação do “uso recreativo” e a defesa estrita do “uso médico” eram, nessa época, o foco das discussões entre médicos e autoridades sanitárias nos Estados Unidos e em outros países nas Américas, Ásia e Europa.
Os usuários de drogas passaram a ser identificadas por certos grupos nos EUA. A maconha, identificada com hispânicos, o ópio com chineses, a cocaína com negros, o álcool com irlandeses e italianos; no Brasil, a heroína, por exemplo, tornou-se um problema de saúde pública quando, nos anos1910, passou a ser tida como droga de cafetões e prostitutas, enquanto a maconha, vista como substância de negros capoeiras.
Nos Estados Unidos, a primeira grande vitória dos partidários da repressão às drogas às pessoas associadas a elas foi a Lei Seca, aprovada em 1919 como uma emenda à Constituição estadunidense, que tornava ilegal todo o circuito de produção, comercialização e consumo de álcool. A proibição do álcool foi revogada em 1933, mas deixou, ao menos, dois importantes legados: o fortalecimento de grupos ilegais que se dedicaram ao seu tráfico, e o modelo de proibição que, mesmo voltado para o álcool nos anos 1930, foi ampliado, a partir de então, a outros psicoativos como a cocaína.
Desse modo, a tática de proibição, com sua combinação entre moralismo e repressão seletiva a certos grupos sociais – emergiu como uma das táticas de controle social que, na passagem

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