O Mundo de Ulisses
“Em resumo, a Ilíada e a Odisséia apresentam vários paradoxos notáveis. Nenhuma outra literatura irrompeu, provavelmente, na escrita com dois poemas tão geniais; e não tiveram sucessores válidos, dado que a escrita verdadeiramente criadora se virou de repente para novas formas e temas. Em numerosos aspectos significativos, os dois poemas estão voltados insistentemente para trás; contudo, simultaneamente, apontam para o futuro sempre que tocam na humanidade do coração do homem.”[5]
“De facto, no decorrer da história nenhum poeta, nenhuma personalidade literária ocupou na vida do seu povo um lugar semelhante. Ele foi o símbolo por excelência deste povo, a autoridade incontestada dos primeiros tempos da sua história e uma figura de importância decisiva na criação do seu panteão (...)”[6]
“Historiador da economia antiga, ele encetou uma guerra impiedosa contra todos os modos de assimilação entre as formas econômicas de outrora e aquelas de hoje. Historiador do escravismo antigo, ele separou estes das formas de ideologia moderna que lhe são sobrepostas. Ele lutou também, em seu domínio próprio, para que os conjuntos sejam respeitados em sua originalidade. Antes mesmo da descoberta das tábuas micenianas que viriam lhe dar razão, ele demonstrou que o mundo homérico não tinha nada de comum com o mundo miceniano, empreendendo uma comparação entre o reino de Ulisses e a Kabila anterior.