O mundo de sophia
A idéia da reconstrução de teor político com respeito à aprendizagem possui hoje, ademais, base biológica cada vez mais clara, na qual defende a capacidade de todo ser vivo de adaptação criativa, à medida que, do ponto de vista do observador, não é a realidade que se impõe à mente, mas, ao contrário, é a habilidade mental que interpreta reconstrutivamente a realidade externa. Repelindo com veemência a postura representacionista – a realidade se impõe de fora para dentro, de tal sorte que a consciência tem da realidade uma representação, tanto mais fidedigna quanto maior for o positivismo em jogo – realiza também forte crítica ao instrucionismo, ainda que com certa tendência determinista, por considerar o cérebro uma “máquina” determinadamente auto-organizada. Esta idéia foi acolhida em sociologia por Luhmann com propensão conservadora, combatida sempre por Habermas, porque a auto-organização, sendo circular, pode apenas girar em torno de si mesma, não atingindo a criatividade que precisa saltar. Por conta disso, Varela, inicialmente colaborador e discípulo de Maturana, avançou para a teoria da “embodied mind” (mente incorporada), com base na “enação”, que significa tipo de relacionamento mais flexível entre mente e realidade, ainda que o ponto de partida seja de dentro, sinalizando o sentido da autonomia. Existe a versão mais filosófica da “embodied mind”, de Lakoff/Johnson, cujo argumento maior é a metáfora: todo pensamento, por mais abstrato que seja, está plantado na vida das pessoas. A inteligência é inconcebível sem o corpo, que não é apenas morada da mente, mas parte integrante da geração da aprendizagem. Somos seres