O Mercador De Veneza
Narrador: - A intolerância aos judeus era comum no século 16, mesmo em Veneza, a mais poderosa e liberal cidade da Europa.
Por lei, os judeus eram obrigados a morar numa velha fundição murada nos subúrbios da cidade, ou, como chamavam, de gueto.
A noite, o portão do gueto era fechado e a muralha era vigiada por cristãos .
Durante o dia, qualquer homem que saísse do gueto deveria usar um gorro vermelho para ser identificado como judeu.
Nessa época, os judeus não podiam ter propriedades. Por isso eles praticavam a usura, que é o empréstimo de dinheiro acrescido de juros na hora do pagamento e isso é contra a lei cristã!
Os sofisticados cidadãos Venezianos faziam vista grossa à pratica, mas com os fanáticos religiosos, que odiavam os judeus, era outra conversa...
Nisso entra um figurante cristão, em um lugar de destaque do palco, pregando a palavra, com muito esbravejo e ódio, para os que estão discutindo ao lado dele.
Cristão: Se um homem é honesto, e faz o que é legal e correto... Se não praticou a usura e não recebeu ágio algum, mas ao contrario, evitou o contato com essa delinqüência e que tenha sido justo com outros homens se respeito o estatuto divino e se manteve fiel e judicioso então ele é justo certamente viverá... Mas tendo ele, praticado a usura e aceito o ágio ele deverá viver?... Não deverá.
O homem que praticar alguma dessas abominações não deve compartilhar do mesmo ar que o nosso e irá sucumbir ao próprio pecado pagando-o com sua vida. SALVE A PALAVRA DO NOSSO SENHOR DEUS!
Todos os cristãos respondem AMÉM!
Nesse tempo Antonio e Shylock se posicionam na frente do palco e Antonio profere blasfêmias a Shylock. Os figurantes continuam no palco e na hora da fala todos focam os olhares assustados (dos judeus) e raivosos (dos Cristãos).
Shylock: Antonio... Amigo! (Com tom de clemência)
Antonio: