O Legado Educacional do Século XX no Brasil
O Legado Educacional do “Longo Século XX” Brasileiro
Autor: Dermeval Saviani
É uma prática recorrente entre os historiadores, a utilização do recurso à categoria “século” para datar e demarcar os acontecimentos e as fases históricas, principalmente quando o objeto de estudo recai sobre as épocas moderna e contemporânea. Ao fixar os olhos para a situação brasileira, aparenta-se que a ideia de um “longo século XX” não deixa de exercer uma certa atração. Com efeito, as transformações mais decisivas do país nos planos econômicos, político, social; cultural e educacional parecem situar-se nas duas décadas finais do século definido cronologicamente pelo número XIX e não na virada cronológica para o século XX.
1. Para uma história da escola pública no Brasil
A periodização é uma das principais questões causadora de defrontamento na tarefa de reconstruir a história da educação pública no Brasil, por ser frequentemente adotada em consonância com a situação geral e guiada pelo parâmetro político, externo ao objeto estudado.
Como critério interno, considera-se como marco inicial da história da educação brasileira a chegada dos jesuítas em 1549, correspondente a pedagogia jesuítica, isto é, a escola pública religiosa entendida em sentido amplo; logo após o período pombalino representado pelas “Aulas Régias”, enquanto uma primeira tentativa de se instaurar uma escola pública estatal inspirada em ideias iluministas; e por último o advento da República, ainda sob a égide dos estados federados onde consistem as primeiras tentativas descontínuas e intermitentes de se organizar a educação como responsabilidade do poder público. Esses três períodos foram caracterizados por SAVIANI como uma primeira etapa, definida como “os antecedentes”. A segunda etapa, determinada como a “história da escola pública propriamente dita” se iniciaria em 1890, com a implantação dos grupos escolares. Esta etapa se distingui em três períodos que