O lado oculto do Programa "Mais Médicos" e suas consequências
A discussão não é sobre o esforço de multiplicar profissionais ou de repor peças onde não existem. É uma parte do esforço de qualificação do SUS. Não se deve pensar que uma estratégia “tapa buraco” vai dar conta das diversas realidades do país.
A formação de um médico é um processo muito lento, quase artesanal. Essa estratégia vai colocar em risco a vida dos nossos pacientes e certamente as organizações médicas estão atentas para que isso não se programe, em defesa da saúde da população.
O CFM e as instituições são contrários a migração, desde que os profissionais que não foram formados em território nacional sejam avaliados se têm ou não condições de exercer a medicina no mesmo nível que os profissionais brasileiros. Trata-se do discurso uníssono a maioria das organizações médicas: a indispensabilidade de revalidação de título para profissionais de outros países.
É válido considerar, que não é efetivo contratar mais médicos se não há condições de trabalho. Por melhor que seja sua formação e por mais vontade de trabalhar que este profissional possua, ele não conseguirá desempenhar sua função sem equipamentos e hospitais dignos.
“Ainda que existam muitas deficiências em algumas regiões do país, não podemos concordar que levar médicos sem formação adequada resolverá este problema.” (Doutor e Professor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior )
Conselho Federal de Medicina condena “importação” de 6 mil médicos cubanos pelo governo, afirmando que o governo desrespeita a lei e põe em risco a saúde da população carente.
Índice de aprovação de profissionais estrangeiros é muito baixo, em torno de 15%O problema do acesso da população carente (e interiorana) ao direito à saúde não será resolvido com a contratação de 10 mil médicos para trabalhar nos rincões do país, ainda que se lhes pague a quantia prometida. O problema do Programa de Saúde da Família não é salarial, mas sim de estrutural.
Reflexão: Se as cidades pagam bem,