"O Jornal que Hitler odiava"
Por Matías M. Molina em 20/08/2013 na edição 760
Texto extraído do site: www.observatoriodaimpressa.com.br
Reproduzido do Valor Econômico, 16/8/2013; A Cozinha Venenosa: Um Jornal Contra Hitler, de Silvia Bittencourt, 373 pp., Três Estrelas, 2013; R$ 49,90. Para Entender Hitler: A Busca das Origens do Mal, de Ron Rosenbaum, 641 pp., Editora Record, 5ª edição, 2011; R$ 62,90; intertítulos do OI
Não foram pesquisadores alemães, mas um jornalista americano, Ron Rosenbaum, quem primeiro percebeu e divulgou a importância da luta contra Hitler por um pequeno jornal de Munique, o Münchener Post, que os nazistas chamavam de “a cozinha venenosa”. Em seu livro Para Entender Hitler, Rosenbaum escreveu que a batalha “entre Hitler e os corajosos repórteres e editores do ‘Post’ é um dos grandes dramas nunca relatados da história do jornalismo”. Eles foram, disse, os primeiros a se ‘atracar’ com o líder nazista, os primeiros a ridicularizá-lo, os primeiros a investigá-lo, a denunciar o lado avesso e sujo de seu partido, o comportamento criminoso e homicida mascarado por suas pretensões a movimento político, e foram os primeiros a tentar alertar o mundo para a natureza da besta feroz que rastejava em direção a Berlim. Foi ainda a primeira publicação a escrever sobre “a solução final” para os judeus.
Rosenbaum acrescenta que a história do Post e de seus jornalistas “nunca foi contada de verdade, sequer na Alemanha, ou talvez especialmente na Alemanha, onde é mais consolador para a autoimagem nacional acreditar que ninguém realmente sabia quem era Hitler, até ser tarde demais”, mas “os redatores do Münchener Post sabiam, eles publicaram a verdade para quem estivesse disposto a vê-la”. Em 12 anos de luta, o jornal divulgou algumas das percepções mais agudas e penetrantes do caráter, dos métodos e da mente de Hitler.
Rosenbaum explica o significado de “cozinha venenosa”. “Venenoso” era uma expressão reservada por Hitler para aqueles a quem