O Jeito
Quando se fala em jeitinho brasileiro, a primeira coisa em que pensamos é esperteza, suborno, ambição, embora essa não seja a única maneira de definir o jeitinho. Mas, o lado negativo dessa prática tão disseminada em nossa sociedade é o que mais se evidencia.
O jeitinho é quase um código secreto de relacionamento. Basta apenas que algo dê errado ou tarde em solucionar para pensarmos em como dar a volta e, assim, abreviar seu desfecho. Ele revela o desejo do ser humano de não se prender às normas, e sim de superá-las, subjugá-las. Suspende-se temporariamente a lei, cria-se a exceção e depois tudo volta ao normal.
O brasileiro seria, então, um anarquista, um fora-da-lei? Não. O brasileiro não nega a existência da lei, o que ele nega é a aplicação da lei naquele momento. Simples assim. Justificamo-nos com todos os rigores da razão: se podemos pagar menos imposto de renda a um governo que não retribui adequadamente em benefícios sociais para seus contribuintes, por que não fazê-lo? Por que pagar uma multa de trânsito – altíssima – se podemos dar um jeito de cancelá-la?
Mas nem todo jeitinho é negativo. A inventividade e a criatividade são algumas das facetas mais relevantes do lado positivo. O brasileiro possui uma alta capacidade de adaptação às situações mais inesperadas, que muitas vezes pode significar a diferença entre viver ou morrer, entre estar desempregado ou arranjar uma profissão alternativa para manter a si próprio e à família.
O jeitinho brasileiro também tem o lado conciliador, permitindo que se crie uma solução favorável para uma situação a princípio impossível. É o caso do operário que substitui o colega em seu turno enquanto aquele participa de um curso no supletivo, para ganhar o tempo perdido.
Enquanto o lado negativo do jeito brasileiro gera situações