O JARDIM DE EPICURO
No Jardim, em Atenas, Epicuro escreveu mais de 300 trabalhos, dos quais nenhum sobreviveu; deles restam notícias de seus discípulos ou alguns fragmentos. Sua filosofia é de cunho materialista, não havendo espaço para a imortalidade. 3 O filósofo acreditava que o maior bem era a procura de prazeres moderados de forma a atingir um estado de tranquilidade, chamado de ataraxia, e de libertação do medo, assim como a ausência de sofrimento corporal, conhecido como a aponia; por meio do conhecimento do funcionamento do mundo e da consciência da limitação dos desejos. A combinação desses dois estados constituiria a felicidade na sua forma mais elevada.
O próprio lugar escolhido por Epicuro para sua escola é a expressão da novidade revolucionária do seu pensamento: não uma palestra, símbolo da Grécia clássica, mas um prédio com um jardim (que era mais um horto), nos subúrbios de Atenas. O Jardim estava longe do tumulto da vida pública citadina e próximo do silêncio do campo, aquele silêncio e aquele campo que não diziam nada para as filosofias clássicas, mas que se revestiam de grande importância para a nova sensibilidade helenística. Por isso, o nome “Jardim” e os “filósofos do jardim” (que, em grego, diz-se Képos) passou a indicar a escola e as expressões “os do Jardim” tomaram- se sinônimos dos seguidores de Epicuro, os epicuristas. Da riquís¬sima produção de Epicuro foram reunidas integralmente as Cartas endereçadas a Heródoto, a Pítocles, a Meneceu (que são tratados resumidos), duas coleções de Máximas e vários fragmentos.
A finalidade da filosofia de Epicuro não era teórica, mas bastante prática. Buscava sobretudo encontrar o sossego necessário para uma vida feliz e aprazível, na qual os temores perante o destino, os