O Imaginário dos navegantes portugueses dos séculos 15 e 16. Luis Adão da Fonseca
O autor destaca um dos incentivos à construção do imaginário atlântico, a constante projeção de sua existência ainda incomprovada, a partir da ligação com o oceano índico comentada na peça de Hércules. As especulações sobre um horizonte inabitável e o espaço do não humano estavam associadas à ideia de medo, muito se falava em monstros marítimos e terrestres, os quais não conseguiam ser desmentidos pelo limitado conhecimento científico e geográfico do período. Em função da permanente oscilação da sensibilidade medieval sobre este assunto, o espaço do medo também dava lugar à aventura, pois as viagens marítimas podiam representar a busca pelo paraíso. Tal superação do obstáculo e esforço servia como motor inspirador aos navegantes europeus que tinham a dualidade do fantástico e monstruoso na raiz de sua cultura.
A presente argumentação coloca o monstruoso como fator de descobrimentos, pois estimulava a imaginação e oferecia uma via de acesso ao conhecimento do mundo e de si mesmo. Para Fonseca o monstro é o “reflexo ao contrário do eu”, ou seja, a alteridade dentro da comum condição humana. Ele conclui ao afirmar que a