O Imaginário dos navegantes portugueses dos séculos 15 e 16. Luis Adão da Fonseca

891 palavras 4 páginas
Em O Imaginário dos navegantes portugueses dos séculos 15 e 16, Fonseca afirma a existência de um imaginário do atlântico criado com base nos espaços marítimos até então desconhecidos, representando parte do conjunto de ideias gerais que a época medieval tinha desenvolvido a cerca do oceano. Antes dos descobrimentos a percepção sobre a realidade oceânica se limitava aos escritos bíblicos para os mais letrados. E o autor mostra a evocação do livro de gênesis com a recordação reconfortante dos mares como elemento da criação, mas também a memória das águas do dilúvio que traziam muitos perigos e destruição. Tal dicotomia entre um aspecto positivo da criação divina e um negativo do mar adverso e violento era acompanhada da ideia de “onde o milagre tem lugar”, baseada em outras passagens bíblicas como a do mar vermelho e calmaria das tempestades.
O autor destaca um dos incentivos à construção do imaginário atlântico, a constante projeção de sua existência ainda incomprovada, a partir da ligação com o oceano índico comentada na peça de Hércules. As especulações sobre um horizonte inabitável e o espaço do não humano estavam associadas à ideia de medo, muito se falava em monstros marítimos e terrestres, os quais não conseguiam ser desmentidos pelo limitado conhecimento científico e geográfico do período. Em função da permanente oscilação da sensibilidade medieval sobre este assunto, o espaço do medo também dava lugar à aventura, pois as viagens marítimas podiam representar a busca pelo paraíso. Tal superação do obstáculo e esforço servia como motor inspirador aos navegantes europeus que tinham a dualidade do fantástico e monstruoso na raiz de sua cultura.
A presente argumentação coloca o monstruoso como fator de descobrimentos, pois estimulava a imaginação e oferecia uma via de acesso ao conhecimento do mundo e de si mesmo. Para Fonseca o monstro é o “reflexo ao contrário do eu”, ou seja, a alteridade dentro da comum condição humana. Ele conclui ao afirmar que a

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