O homem ao lado
O Homem ao Lado | Crítica
Típica comédia de vizinhos se revela uma aguçada crítica à nossa noção de segurança
Marcelo Hessel
19 de Maio de 2011
O Homem ao Lado
El Hombre de al Lado
Argentina , 2009 - 101 minutos
Comédia / Drama
Direção:
Mariano Cohn, Gastón Duprat
Roteiro:
Andrés Duprat
Elenco:
Rafael Spregelburg, Daniel Aráoz, Eugenia Alonso, Inés Budassi
Ótimo
A única residência que o arquiteto suíço Le Corbusier assinou na América, no número 320 do Boulevard 53, na cidade de La Plata, ao sudeste de Buenos Aires, é o cenário da comédia dramática argentina O Homem ao Lado (El Hombre de al Lado, 2009). O filme de Mariano Cohn e Gastón Duprat faz por vias tortas uma homenagem ao design cerebral do mestre do modernismo.
Mora na casa, com esposa e filha, o designer Leonardo (Rafael Spregelburd). Uma das primeiras imagens que temos de Leonardo é a foto que estampa o seu site oficial. Vive da aparência do sucesso, enfim, esse poliglota de óculos de armação grossa, que desenha e coleciona mobiliário e objetos de vanguarda para combinar com sua casa modernista. O problema, como sempre, são os outros.
Começa no vizinho uma reforma. Pedreiros abrem na parede que dá vista para a sala de Leonardo um rombo. O recém-chegado Victor (Daniel Aráoz) quer uma janela para aproveitar os raios de sol, diz, mas Leonardo surta, acha a janela uma invasão de privacidade. O fato de Victor ser o típico machão cafona, que toma chimarrão numa cuia feita de pé de bode, só inflama a cizânia. Desse choque de opostos, típico de comédias sobre vizinhos, o filme tira o seu humor de constrangimento.
As situações armadas para ressaltar as caricaturas dão constantemente a impressão de que estamos sendo levados a simpatizar com Victor e odiar Leonardo só para termos nosso tapete puxado no final da história. Essa