O Futebol E A Atualidade Do Racismo
Ano II, nº 12, agosto de 2003
LUÍS IMBIRIBA inShare Foto: site oficial do Vasco da Gama
O goleiro Moacir Barbosa, bode-expiatório da derrota de 1950
Encravado na sociedade de classes, de um modo geral, o racismo também se faz presente no futebol, essa parte do cenário esportivo que se transformou numa paixão mundial.
Criado na Inglaterra e trazido por Charles Miller para o Brasil em 1894, o futebol foi ganhando o seu encanto, mas seu passado e presente são cheios de momentos em que predominaram estratégias de alienação, nem sempre tão camufladas. as primeiras evidências de racismo no esporte, estiveram presentes numa fase muito importante da sua história: a passagem do amadorismo para o profissionalismo. Paradoxalmente, essa transição no esporte foi marcada pelo ingresso de atletas pertencentes às classes populares, proletarizadas, constituídas especialmente por negros e mestiços nas equipes.
Estudiosos do esporte revelam que o então denominado futebol "mestiço" sofreu muitas críticas, ganhando ainda a culpa pela perda dos títulos mundiais nas Copas de 1950 e 1954. Atribuída aos negros e mestiços que atuavam pela equipe brasileira a culpa da derrota nas duas competições, o racismo ainda foi justificado por um suposto desequilíbrio emocional dos atletas que apresentavam cor escura, logo nos jogos decisivos. Entretanto, este atrapalhado estigma foi derrubado nas Copas seguintes, em 58 e 62, quando a seleção brasileira conquistou os títulos mundiais com jogadores negros e mulatos.
CENSURA & RACISMO SOFISTICADO
O futebol brasileiro é assim, cheio de conflitos silenciosos que não são vistos por quem está de fora dos esquemas políticos e financeiros. A culpa imposta aos jogadores mestiços de 50 e 54 é apenas um entre muitos episódios de racismo no futebol. Um povo de origem multirracial convive tão intensamente com problemas de preconceito. Surpreendente ironia? Absolutamente, porque os cartolas sabem que o futebol é do agrado do