O filme- sindicato
O drama que envolve família, sindicato, e industria, traça um perfil vivo e emocionante do Brasil no processo de transição do regime ditatorial para o sistema capitalista, marcado pela incerteza, confusão e fanatismo, qualidades que sempre estão presente entre a decadência do antigo e estabelecimento do novo. As marcas dessa transformação podem ser percebidas nos processos de trabalho, hábitos de consumo, poderes e práticas do estado, as quais atendem a reprodução do sistema, segundo Harvey (1994) um sistema de acumulação só pode existir se o seu sistema de reprodução for uno e coerente. Dessa forma buscou-se moldar os comportamentos dos indivíduos (materialização do regime), na tentativa de garantir a unidade do processo.
Para que o sistema permanecesse viável, era necessário a fixação de preços e exercer suficiente controle sobre o emprego da força de trabalho, este ultimo posicionamento é bastante evidenciado no filme, o espaço da fábrica era controlado a todo momento por vigias e polícias, os quais intervíam sempre que preciso, no intuito de manter a ordem caso esta fosse ameaçada. No entanto, o controle da força de trabalho estava também atrelado as ideologias que o sistema pregava. Instituições como a igreja, a escola e o estado buscavam reproduzir o modo de produção capitalista, despertando sentimentos sociais, como a ética do trabalho, lealdade aos companheiros e a busca de identidades através do trabalho. Era necessário forjar um tipo particular de trabalhador, o qual se adequasse ao novo tipo de sociedade democrata que emergia.
A fábrica simboliza em todas as dimensões o sistema capitalista, seu