O fenômeno da Interação Gênica
FENÓTIPO DE BOMBAIM
Prof. Ronny M. de Moraes Em Antropologia Biológica a Genética fornece um dos suportes teóricos mais importantes no estudo das populações humanas e, no âmbito do estudo genético das mesmas, a interacção génica assume um papel relevante na hereditariedade dos caracteres. Entende-se por interacção génica o facto do genótipo de um gene afectar a expressão do genótipo de outro, levando à ocorrência de resultados fenotipicamente diferentes do esperado, segundo os cruzamentos mendelianos. Dentro deste tema, a epistasia constitui uma modalidade de interacção génica na qual a acção de um gene (designado epistático) mascara ou reprime a expressão de outro (hipostático). No Homem, o exemplo de interacção génica (epistasia) mais comum e descrito na bibliografia refere-se ao sistema sanguíneo ABO. [1] [2] Descoberto por Karl Landsteiner, em 1900 na Universidade de Viena, o sistema ABO confere um de quatro fenótipos aos humanos: A, B, AB e O, consoante a presença de dois antigénios, A e B, nas membranas dos eritrócitos e dois anticorpos, anti-A e anti-B, no plasma sanguíneo. Assim, indivíduos do tipo A possuem antigénios A nos seus eritrócitos e anticorpos anti-B no plasma; o inverso ocorre em indivíduos do tipo B, possuindo antigénios B e anticorpos anti-A; nenhum destes anticorpos existe no plasma sanguíneo de indivíduos AB devido à presença dos antigénios A e B; finalmente os de tipo O não têm antigénios nos seus eritrócitos, mas possuem anticorpos anti-A e anti-B.
Tabela 1. Os grupos sanguíneos ABO (adaptado de Thompson, 1981)
Grupo sanguíneo (fenótipo)
Genótipo
Antigénios nos eritrócitos
Anticorpos no plasma
O
IOIO
Nenhum
Anti-A e anti-B
A
IAIA ou IAIO
A
Anti-B
B
IBIB ou IBIO
B
Anti-A
AB
IAIB
A e B
Nenhum
Os antigénios A e B têm como substracto outro, designado antigénio H, e são sintetizados pela acção do gene I, que possui três