O FENOMENO DA TÉCNICA

HANS JONAS E O FENÔMENO DA TÉCNICA

O ponto de partida para o presente trabalho é o livro “O Princípio Responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica”, apresentado por Hans Jonas, no qual o filósofo propõe ao pensamento e ao comportamento humano uma nova ética e aponta um novo imperativo, que, torna- se princípio, qual seja: “aja de modo a que os efeitos de tua ação sejam compatíveis com a permanência de uma autêntica vida humana sobre a terra”; ou expresso negativamente: “aja de modo a que os efeitos da tua ação não sejam destrutivos para a possibilidade futura de uma tal vida”; ou simplesmente: não ponha em perigo as condições necessárias para a conservação indefinida da humanidade sobre a terra”; ou, em um uso novamente positivo: “inclua na tua escolha presente a futura integridade do homem como um dos objetos do teu querer” (2006, p. 47- 48).
Hans Jonas observa o fenômeno da técnica sobre o homem, os problemas e as consequências desse novo agir humano para a vida como um todo. É diante da fragilidade da vida e de sua luta pela necessidade em continuar a ser vida que o filósofo constata que a ética tradicional não seria capaz de garantir uma autêntica vida humana e extra-humana no futuro.
Se com a técnica o homem pretendia dominar a natureza de modo a implantar o projeto do regnum hominis, esse próprio homem não conseguiu identificar que ele mesmo se tornou vítima desse processo e de seu poder na medida em que o homo sapiens foi dominado pelo homo faber, reduzindo desse modo a sua autonomia e, tornando-se assim como a natureza, mero objeto de sua intervenção. Essa falta de autonomia do homo sapiens fez com que ele não conseguisse mais avaliar a sua própria ação e as possíveis consequências, agindo como Prometeu desacorrentado, isto é, movido unicamente pelos ideais utópicos da civilização tecnológica. Essa condição jamais foi vivida antes pela humanidade, e, o que faz aumentar ainda mais o perigo é que os prejuízos da intervenção