O fantástico de Selma Calazans - fichamento
RODRIGUES, Selma Calasans. O fantástico, série Princípios, ática, São Paulo,
1988
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... o termo fantástico ... Aplica-se ... melhor a um fenômeno de caráter artístico, como é a literatura, cujo universo é sempre ficcional por excelência, por mais que se queira aproximá-la do real. (p.9)
— Remédios, a bela, ... na sua loucura [?] desafia todas as convenções sociais, ... e despede-se da vida subindo aos céus, ... Trata-se de uma cena trivial e fantástica, poética, ... Mas não um poético comum e, sim o bizarro, o extraordinário, porque se trata de uma narrativa [?] (e não de um poema) (p.9)
— ... o vôo de Remédios só pode ser explicado por uma causalidade mágica que une as sentenças narrativas; logo, o texto pertence à literatura fantástica. (p.10)
— ... no século XVIII, sob a pressão do racionalismo crescente ... o fantástico floresce e se torna matéria literária. Mas ele deve ser tanto quanto possível colocado dentro de um quadro deverossimilhança. (p.10)
— O texto de García Marques é narrado em terceira pessoa. O narrador ... é uma espécie de “deus exmachina” (p.11)
— São cem anos de tentativas de vencer a solidão: solidão histórica e pessoal de cada personagem. ...
Remédios sobe aos céus e nenhum personagem se admira, nem comenta o fantástico do acontecimento, nem procura justificá-lo, tampouco o narrador, que apenas narra numa linguagem altamente poética, o vôo, a ascensão de uma “virgem dos remédios” ... Úrsula compreende, participa do mistério, pois ela, quase cega, possui aquela sabedoria que lhe permite identificar “a natureza daquele vento irremediável”. ... O narrador anuncia que a população acreditou no milagre e até acendeu velas e rezou novenas. ... Em Macondo, onde os personagens transitam entre a vida e a morte com a naturalidade com que se vai de um país a outro, um episódio como esse é aceito como um “milagre natural”, (p.12)
— O discurso narrativo de García Marques transita do verossímil ao inverossímil sem